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10 setembro 2016
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Motivação e gestão emocional em tempos de crise

Dr. Augusto Cury é médico psiquiatra, psicoterapeuta, pesquisador e escritor. Autor da Teoria da Inteligência Multifocal, sobre o funcionamento da mente humana, a construção dos pensamentos e a formação de pensadores.

Dr. Augusto Cury
é médico psiquiatra, psicoterapeuta, pesquisador e escritor. Autor da Teoria da Inteligência Multifocal, sobre o funcionamento da mente humana, a construção dos pensamentos
e a formação de pensadores.

 

Já virou notícia diária afirmar que 2015 está sendo um ano difícil para a economia e para a maioria dos negócios e, provavelmente, você já leu ou ouviu que a expectativa não é das melhores para o próximo ano. Mas também sabemos, e preferimos, acreditar que dias melhores estão por vir e nem só de pessimismo se vive um ano complicado.
Em alguns setores, já surgiram novas oportunidades e para muitos empresários é tempo de investir nos talentos profissionais da casa, se renovar e reagir para enfrentar a pressão do momento. E para falar de motivação, nada melhor que um especialista em gestão e coaching emocional, psiquiatra, escritor e um dos autores mais lidos na última década. O entrevistado desta edição é o Dr. Augusto Cury, autor da Teoria da Inteligência Multifocal, que analisa o processo de construção dos pensamentos, sendo um dos poucos pensadores vivos cuja teoria é estudada em cursos de mestrado e doutorado nos EUA, Europa e Brasil.

Qual a sua avaliação sobre o atual momento socioeconômico do Brasil? Qual o impacto deste cenário no futuro das empresas e dos profissionais que estão em cargos de gestão?

Momentos difíceis fazem parte da vida de pessoas e empresas, é inevitável em algum momento passarmos por eles. É aí que o papel principal do ser humano, que é dirigir o script da sua história, deve entrar em ação, para mudar os rumos da sua trajetória. A pessoa que tem domínio sobre suas emoções consegue, a cada crise, introduzir a esperança; em cada frustração, introduzir novas ideias; a cada lágrima, irrigar a sabedoria.

Se reinventar em tempos de crise exige consciência crítica, reflexões profundas, treinamentos inteligentes, sofisticados processos de aprendizado do Eu. Dependem da lei do maior esforço, da abertura de múltiplas Janelas Light ou arquivos saudáveis para se desenvolver um raciocínio complexo.

Uma nação não entra em crise subitamente, assim como uma empresa não entra em colapso do dia para a noite. Longos processos que promovem a falência se instalam, mas muitos seres humanos são lentos para preveni-los, só veem o que é tangível. Quem está preparado para corrigir erros, e não preveni-los, tem uma frágil gestão da emoção.

A gestão emocional objetiva aguçar a percepção de um líder para ver o que as imagens ainda não revelaram e os sons não declararam. A gestão da emoção é fundamental não apenas para a saúde de um indivíduo, mas das empresas, dos países, da humanidade. Mas onde buscar um treinamento que ensine a gerir a emoção?

Para contribuir com o fim desta lacuna do sistema educacional atual, tanto em nível fundamental e médio quanto superior, eu desenvolvi a metodologia do programa educacional Escola da Inteligência, aplicado em ambiente socioescolar, e dos cursos de Coaching Emocional das Escola Menthes, em que democratizo as ferramentas fundamentais para a gestão da emoção.

Por meio dessa metodologia, temos como resultado o aumento da qualidade de vida, as habilidades de liderança, a construção de relações saudáveis e a expansão da gestão de pessoas. Os cursos de Coaching Emocional da Menthes utilizam técnicas inovadoras da Teoria da Inteligência Multifocal, de minha autoria, reconhecida mundialmente, e são ministrados por psicólogos altamente capacitados.

O Coaching Emocional promovido pela Menthes treina o ser humano a não ser vítima das suas mazelas, mas autor da sua própria história, mesmo que o mundo desabe sobre si.

Como o executivo hoje pode se destacar no trabalho e driblar o pessimismo?

Para se destacar no mercado de trabalho, antecipando as mais diversas crises e conflitos e as prevenindo, não basta treinar habilidades em tempo de bonança, é necessário abrir o máximo a mente para pensar em outras possibilidades, para libertar o imaginário e oxigenar a criatividade. Para isso, faz-se necessário aquietar os julgamentos, recolher as armas, confrontar as verdades, romper paradigmas, abrandar as críticas, perceber o tilintar das folhas antes da queda da copa. Até pouco tempo a competência profissional de uma pessoa era medida pelo desenvolvimento das atividades na área de atuação, raciocínio, capacidade de decisão e desempenho, mas com a mudança do perfil comportamental do profissional, o poder de canalizar emoções tornou-se indispensável para a obtenção de bons resultados na carreira.

A criatividade, por exemplo, característica chave para o enfrentamento de momentos de crise como o que estamos vivendo, é bastante privilegiada quando desenvolvemos a inteligência emocional. A criatividade não deve ser atrelada tão somente à capacidade de criação concreta, ou seja, associada à inventividade, a um produto intelectual que se destaque pela elaboração tecnológica, produção literária, musical, cênica, cinematográfica, etc, mas é preciso entendermos e expandirmos a nossa visão de criatividade e de empreendedorismo sobre múltiplas possibilidades nos desafios cotidianos.

Quantas vezes nos deparamos com um problema anteriormente enfrentado sem conseguir vislumbrar caminhos para solucioná-lo diferentes dos outrora trilhados? Somos criativos ao surpreendermos saudavelmente os outros, ao trabalhar nossas argumentações diante de uma discussão, ao elaborarmos uma comunicação não agressiva, ao sermos mais afetuosos em apontar erros? Muitas vezes nos tornamos reféns da velha forma de ver e pensar sobre as coisas, sem nos permitir mudar o foco, ver por outro prisma, tentar novas possibilidades.

Essa condição fica agravada pelas facilidades tecnológicas das quais dispomos, que nos levam a um estado de acomodação da nossa capacidade criativa, pois nos acostumamos a receber tudo meio pronto, fácil e prático de fazer, montar, resolver…. Nos acomodamos, nos vemos aprisionados pela rigidez de nossos pensamentos, pelo que nos é oferecido como algo pronto, acabado, e, por isso, não conseguimos libertar o imaginário, a criatividade. Quem não decifra o código da intuição criativa, vive insatisfeito, encontra-se encarcerado nas tramas da mesmice.

É preciso mapear como temos libertado a imaginação, inventividade, criatividade. Temos criado oportunidades ou esperamos que apareçam? A intuição criativa requer investimento para ser desenvolvida ou potencializada diariamente; esta também é uma função da inteligência que requer de nossa parte não apenas o desejo, mas atitude e investimento. Para libertar a intuição criativa é necessário vencer alguns obstáculos, tais como a indisciplina, a autossuficiência (quando imaginamos que já estamos prontos, acabados, e não precisamos de ninguém, e nos fechamos, inclusive para as críticas construtivas…), a superação das frustrações, etc.

Como uma empresa pode incentivar seus colaboradores a vencer neste momento turbulento?

Oferecer ferramentas para o desenvolvimento da inteligência emocional dos colaboradores é um caminho para o enfrentamento de momentos difíceis, pois promoverá um salto de qualidade tanto na vida pessoal, quanto profissional deles, trazendo resultados expressivos para as empresas. É imprescindível o desenvolvimento de um trabalho que conscientize e forneça ferramentas psicológicas para que os colaboradores possam aprender a mapear suas características saudáveis e não saudáveis, aprendendo como expandi-las, potencializá-las ou trabalhá-las.

Nas empresas, muitas pessoas se informam e pensam muito, porém com pouca profundidade. As ideias originais desaparecem. As empresas necessitam se conscientizar da importância de investir para que seus colaboradores aprendam a gerenciar as pressões externas.

Trabalhar a gestão de pensamentos e as emoções dos colaboradores de uma equipe não é somente estruturar a saúde emocional e a qualidade de vida de um indivíduo, mas, também, da qualidade de relações da equipe.

“Há executivos que não exploram a inteligência dos colaboradores de suas equipes, não incentivam a ousadia e a inventividade. Sufocam mentes, asfixiam a liberdade. Querem o sucesso da empresa, mas falham em incentivar mentes livres e criativas. Não sabem que um grande líder torna os pequenos, grandes.”

De que maneira a área de educação pode apoiar as organizações e seus colaboradores?

Educação e treinamento, tanto de aspectos técnicos quanto comportamentais, são essenciais para o desenvolvimento de profissionais brilhantes e para a sustentabilidade das organizações. Infelizmente, muitas empresas preocupam-se apenas com o desenvolvimento de competências técnicas, percebendo tarde demais as terríveis consequências da falta de habilidades emocionais.

Oitenta por cento dos casos de demissão em cargos de supervisão advêm de problemas emocionais e comportamentais. Uma mente ansiosa e estressada sofre por antecipação, compromete sua visão multifocal, diminui os níveis de tolerância nas relações interpessoais, prejudicando desde o desempenho profissional, até as relações mais íntimas.

Diariamente, deveríamos treinar a habilidade de pensar nas consequências dos nossos comportamentos. Aprender a recolher as armas nos focos de tensão quando frustrados, não sermos rápidos em reagir, não sermos escravos da ditadura da resposta. Se dar o direito de pensar antes de reagir é vital para desatar cárceres psíquicos, construir respostas brilhantes e edificar relações saudáveis. Grande parte dos seres humanos tropeça nessa empreitada intelectual, incluindo intelectuais e líderes mundiais.

Durante uma crise, podem surgir boas oportunidades? De que maneira?

Depende da forma como são encaradas. Crises, fracassos, falências, não são sentenças finais de um empreendedor, mas etapas para conquistar seus melhores alvos, para formar janelas Light que os levam a proclamar dia e noite: os melhores dias estão por vir. Todo vencedor já beijou a lona dos fracassos.

Vaias, vexames, decepções, não são calabouços dos líderes inovadores, mas nutrientes para se reinventar e consolidar sua autoestima. O capital das experiências não tem preço, deve ser valorizado altaneiramente, inclusive na formação de mentes brilhantes.

Sob o ângulo da gestão da emoção nada é jogado fora, seja nossas loucuras ou nossa sanidade, seja o júbilo ou humor depressivo. Quando chorarmos lágrimas inconsoláveis, nosso Eu pode transformar cada gota de lágrima não como um ponto final, mas como uma vírgula invertida para escrevermos os melhores textos de nossa história.

Como psiquiatra, pesquisador e escritor, quais são as principais dicas de motivação para as pessoas e para as empresas neste cenário atual?

Minha dica para empresas e profissionais é: aprendam a compreender o funcionamento da mente humana, a compreender que somos únicos e especiais, a potencializar a nossa autoestima, a gerenciar pensamentos e emoções. Quando fazemos isso, temos a oportunidade de fortalecer cada vez mais o nosso Eu para as pressões cotidianas. Uma pessoa que sabe se valorizar, se amar, se mapear, proteger a sua emoção, sabe dimensionar seus erros e torná-los fontes de crescimento pessoal e profissional.

Como discorro nos livros “Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século”, “Pais Inteligentes Formam Sucessores, Não Herdeiros” e principalmente, em “Felicidade Roubada”: em nossa jornada existencial devemos entender que os maiores inimigos que sabotam nossa inteligência e qualidade de vida não estão fora de nós, mas dentro de nós. Um ser humano é verdadeiramente grande quando se torna um eterno aprendiz para crescer de forma sustentável. Como? Mapeando sua história, reciclando seus erros e conflitos, superando sua necessidade neurótica de ser perfeito, crescendo diante da dor, gerenciando seu estresse, tendo metas claras em sua história…. Se apaixonar pela vida e pela espécie humana são condições fundamentais para se ter alta qualidade de vida e sabedoria.

A vida que pulsa dentro de nós, independente de nossos erros, acertos, status e cultura, é uma joia única no teatro da existência. Ser sábio não quer dizer ser perfeito, não falhar, não chorar e não ter momentos de fragilidade. Ser sábio é aprender a usar cada dor como uma oportunidade para aprender lições, cada erro como uma ocasião para corrigir rotas, cada fracasso como uma chance para recomeçar. Nas vitórias, os sábios são amantes da alegria; nas derrotas, são amigos da reflexão.
Fonte: Revista Cargo News




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